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Mais importante do que estrear esse novo espetáculo é saber como ele mudou as visões e as opiniões durante seu processo de trabalho. Isolar-se não significa ser vaidoso, mas é uma maneira de zerar, chegar ao encontro de si, do que sua arte de fato significa, o que se pretende com ela, visto que mesmo que a gente não queira, ela passa uma mensagem questionadora. Porque fazer espetáculo para cumprir normas de editais apenas, não faz sentido, é preciso pensar que o dinheiro é super bem vindo, contribui para uma série de coisas que sejamos realistas fazem toda a diferença, fazer por amor no mundo de hoje é hipocrisia. Fazemos sim dança porque a amamos, mas precisamos dela para sobreviver e ganhar dinheiro com editais não é pecado, mas solução. Voltando ao trabalho... este espetáculo para que fique claro não busca uma narrativa clara do livro e do filme, ele é uma inspiração, possui cenas identificavéis para quem viu o filme ou leu o livro, sim possui. Mas não conta uma história, ele conta ações de nós mesmos, a que ponto chegamos quando não queremos enxergar o que é preciso, quantas coisas escondemos de nós mesmos. É um espetáculo mais sensitivo e não técnico em movimentação, é para ser angustiante e tocante, é para se pensar, é para se emocionar, pois se nada disso for possível perdeu-se o sentido de se fazer alguma coisa.
Não é fácil trabalhar num processo de criação como este e abdicar de nossas vaidades pessoais, de nosso orgulho e do que acreditamos ser bonito na cena. Talvez nem todo o elenco tenha encontrado tanto desprendimento, talvez não tenham encontrado a maturidade corporal necesária para realizar isso, mas uma coisa é bem verdade a estréia sempre é estréia, nervosismo, ansiedade e às vezes esquecemos de encontrar a essência do que tanto foi trabalhado, mas se ele não vai a cena, não ganha experiência, maturidade e presença!!Por isso espero que todos os que assistirem possam ver mais de uma vez e ajudar o trabalho a ganhar força e espalhar o que fazemos e sabemos fazer de melhor dançar!!!
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